segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

MEMÓRIAS SONORAS

SEGUNDA MEMÓRIA SONORA


Quando a história assalta e revista a memória, encontra algumas pérolas musicais que recordam acontecimentos fundamentais que pertencem ao percurso da Humanidade. “Rosa de Hiroshima” é uma pérola sonora inesquecível, com um poeminho lindíssimo do poeta Vinicius de Moraes e música de Gerson Conrad. O tema vinha incluído no primeiro álbum do grupo brasileiro Secos e Molhados, formados por Ney Matogrosso na voz, João Ricardo nos violões, harmónica e voz, Gerson Conrad em violões e voz e Marcelo Frias na bateria e em percussão. “Rosa de Hiroshima” relembra o lançamento e as consequências da bomba atómica americana sobre a cidade de Hiroshima em 06/08/1945.
Aqui ficam o poema e o local do vídeo no You Tube. www.youtube.com/watch?v=mrJgYwIlG0Y.

Rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
Vinicius de Moraes/ Gerson Conrad

Jorge Brasil Mesquita

TERCEIRA MEMÓRIA SONORA

Quando um país rejeita e marginaliza um qualquer seu cidadão, apenas, porque este discorda e critica a verdade instituída, critica-se e marginaliza-se a si próprio por não saber reconhecer o valor que esse cidadão representa em termos culturais. Um desses exemplos é José Afonso. Pode discordar-se das suas ideias políticas, mas usá-las como justificação para não se classificar como valor patrimonial a sua obra musical revela a torpeza de quem governa o país. Tudo isto vem a propósito da minha terceira memória sonora que é dedicada à composição de José Afonso, que eu considero como um espantoso hino à liberdade. Usando apenas palavras da natureza e um acompanhamento musical simples, mas eficaz, a canção descobre e transmite, epicamente, a liberdade onde ela não parece existir. A composição dá pelo nome de “Canto Moço” e vem incluída no álbum “Traz Outro Amigo Também” de 1970.
Aqui deixo o acesso ao You Tube e a letra da composição.
www.youtube.com/watch?v=9MaXjKDbMXs.

Canto Moço

Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nos vamos
À procura de quem nos traga
Verde oliva de flor no ramo
Navegamos de vaga em vaga
Não soubemos de dor nem mágoa
Pelas praias do mar nos vamos
À procura da manhã clara

Lá do cimo duma montanha
Acendemos uma fogueira
Para não se apagar a chama
Que dá vida na noite inteira
Mensageira pomba chamada
Companheira da madrugada
Quando a noite vier que venha
Lá do cimo duma montanha




Onde o vento cortou amarras
Largaremos pela noite fora
Onde há sempre uma boa estrela
Noite e dia ao romper da aurora
Vira a proa minha galera
Que a vitória já não espera
Fresca brisa, moira encantada
Vira a proa da minha barca
José Afonso

Jorge Brasil Mesquita


DÉCIMA TERCEIRA MEMÓRIA SONORA

A memória sonora de hoje relaciona-se com factos acontecidos com o povo Azteca, povo oriundo do Norte do território a que hoje se chama México e que se instalou junto do lago Texcoco, em 1312, fundando a cidade de Tenochtitlan (actual cidade do México), em 1325, dando origem a uma próspera e desenvolvida civilização Azteca.
Em 1519, o conquistador espanhol Hernan Cortés (1485 – 1547) tentou penetrar no território Azteca, mas encontrou a oposição do Imperador Montezuma II (1466 – 1520). Inebriado pelas riquezas do reino dos Azteca, Cortés insistiu com o Imperador, até que este cedeu, contra a vontade do seu povo que se revoltou e enfrentou os espanhóis que invadiram e bombardearam Tenochtitlan, cuja população enfraquecida pela varíola, se submeteu a Cortés que, entre 1523 e 1525, dizimou completamente a civilização Azteca, o que hoje seria considerado um genocídio. O Imperador viria a morrer de fome em 1520, em consequência do conflito.
Em 1975, Neil Young, um dos notáveis sobreviventes dos anos sessenta, editou o álbum “Zuma”. O projecto inicial do álbum tinha como objectivo abordar as civilizações Maia e Azteca. Infelizmente, apenas restaram do projecto, o título do álbum que é a parte final do nome do Imperador Monte(zuma) e esta memória sonora de hoje “Cortez The Killer”.

www.youtube.com/watch?v=pSj5yOK_mt4


Cortez The Killer by Neil Young
--------
He came dancing across the water
With his galleons and guns
Looking for the new world
In that palace in the sun.

On the shore lay Montezuma
With his coca leaves and pearls
In his halls he often wondered
With the secrets of the worlds.

And his subjects gathered 'round him
Like the leaves around a tree
In their clothes of many colors
For the angry gods to see.

And the women all were beautiful
And the men stood straight and strong
They offered life in sacrifice
So that others could go on.

Hate was just a legend
And war was never known
The people worked together
And they lifted many stones.

They carried them to the flatlands
And they died along the way
But they built up with their bare hands
What we still can't do today.

And I know she's living there
And she loves me to this day
I still can't remember when
Or how I lost my way.

He came dancing across the water
Cortez, Cortez
What a killer.
Neil Young


Jorge Brasil Mesquita
NONA MEMÓRIA SONORA

Secundando o Manifesto da Bauhaus, o arquitecto alemão Walter Gropius (1883-1969) fundou na Alemanha, em 1919, a Bauhaus – escola de artes e ofícios – inspirando um movimento de Arte de origens socialistas, em que se pretendia anular as barreiras entre os artesãos e os artistas, como se mencionava no Manifesto.
Em Inglaterra, em 1978, nasce uma banda de características góticas que adopta o nome de Bauhaus, inspirado naquele movimento. A memória sonora que aqui se recorda dá pelo nome de “Béla Lugosi´s Dead”, primeiro 12” lançado pelos Bauhaus, em 1978. A composição é dedicada ao actor húngaro Bela Lugosi (1882-1956) que se especializou em papeis de terror, com realce para o papel de Drácula, num filme baseado na história de Bram Stoker (1847-1912).

www.youtube.com/watch?v=zq7xyjU-jsU


Bela Lugosi's Dead
White on white translucent black capes
Back on the rack
Bela Lugosi's dead
The bats have left the bell tower
The victims have been bled
Red velvet lines the black box
Bela Lugosi's dead
Undead undead undead
The virginal brides file past his tomb
Strewn with time's dead flowers
Bereft in deathly bloom
Alone in a darkened room
The count
Bela Logosi's dead
Undead undead undead

Peter Murphy, Kevin Haskins, Daniel Ash e David Haskins.


Jorge Brasil Mesquita



QUINTA MEMÓRIA SONORA


Durante a guerra que se travou entre a Inglaterra e a Argentina em 1982, durante o reinado Tatcheriano em Inglaterra, foram muitas as formas de oposição ao conflito e, entre elas, destacaram-se algumas canções. Uma delas, foi composta por Elvis Costello que escreveu a letra e por Clive Langer que a musicou. A composição com o título de “Shipbuilding” faz parte do álbum “Punch the Clock”, editado em 1983 por Elvis Costello. Mas a minha memória sonora centra-se na notável versão de Robert Wyatt, que antes de cantar a solo, pertenceu a um dos melhores agrupamentos musicais que emergiram nos finais da década de sessenta na UK: os Soft Machine. Foi durante o período que Robert integrou o grupo que teve um estúpido acidente que lhe paralisou as pernas e o obrigou a deslocar-se em cadeira de rodas. O 7” de Robert Wyatt com o “Shipbuilding” trazia uma magnífica reprodução parcial de um quadro de Stanley Spencer (1891-1959), “Shipbuilding On The Clyde”, pintado durante a Segunda Grande Guerra. Da letra da canção saliento, especialmente, os significativos 5 últimos versos que resumem todo o pensamento sobre o conflito armado que opôs Ingleses a Argentinos.
Como é habitual, completo a memória indicando o acesso ao You Tube e a transcrição da letra da composição:

www.youtube.com/watch?v=Rh6IwFhG8G8
Robert Wyatt
Shipbuilding lyrics
Is it worth it
A new winter coat and shoes for the wife
And a bicycle on the boy's birthday
It's just a rumour that was spread around town
By the women and children
Soon we'll be shipbuilding
Well I ask you
The boy said 'DAD THEY'RE GOING TO TAKE ME TO TASK
BUT I'LL BE BACK BY CHRISTMAS'
It's just a rumour that was spread around town
Somebody said that someone got filled in
For saying that people get killed in
The result of this shipbuilding
With all the will in the world
Diving for dear life
When we could be diving for pearls
It's just a rumour that was spread around town
A telegram or a picture postcard
Within weeks they'll be re-opening the shipyards
And notifying the next of kin
Once again
It's all we're skilled in
We will be shipbuilding
WITH ALL THE WILL IN THE WORLD
DIVING FOR DEAR LIFE
WHEN WE COULD BE DIVING FOR PEARLS
Elvis Costello/Clive Langer


Jorge Brasil Mesquita

DÉCIMA SEGUNDA MEMÓRIA SONORA

Tem-se vindo a notar, ultimamente, uma crescente insistência em discutir-se a utilização da energia nuclear, como uma das soluções tendentes a resolver os problemas energéticos que o planeta enfrenta, justificando-se a opção, com uma maior segurança oferecida pelos reactores de última geração. Contudo, será conveniente não esquecer-se os problemas que representam os resíduos radioactivos, para os quais ainda não se encontrou qualquer solução e que representam, igualmente, um factor de risco.
A este propósito fui pesquisar à memória os dois acidentes nucleares que durante estas discussões, não devem ser colocados de lado, como foram os casos mundialmente conhecidos de Three Mile Island, em 1979, no Estado da Pensilvânia, nos EUA e, sobretudo, o catastrófico acidente de Chernobyl, na ex-União Soviética, hoje Ucrânia, em Abril de 1986 e cujas consequências radioactivas, ainda, hoje, se fazem sentir.
Em 1987, Alan McGee, dono da editora independente Creation Records, com o auxílio de Nick Currie, decidiram formar um agrupamento feminino. Com esse objectivo deslocaram-se a uma das megas lojas da Virgin Records e abordaram e recrutaram três das suas empregadas, Jackie, Perule e Jo, sem qualquer preocupação com as suas qualidades musicais. Assim nasceram as Baby Amphetamine, cujo nome foi retirado da capa de um dos singles do grupo australiano Go Betweens. Alan McGee escreveu para as Baby Amphetamine a composição “Chernobyl Baby” que foi editada, em 7” e 12”, em 1987. Infelizmente por dificuldades operacionais não posso incluir nesta memória sonora a música do tema, nem me foi possível encontrá-la na net. Resta-me apenas a divulgação da letra.

CHERNOBYL BABY

I´m a Chernobyl Baby POW! POW! POW!
With radiation contamination waiting for an operation
Gillette software, Sony c.d.´s
Electronic toyland all a kid could be

WHO NEEDS THE GOVERNMENT!

I´m a Chernobyl Baby POW! POW! POW!
With a Matusi, John Belushi, radioactive type of sushi
Playgirl heir in Spy-Fi drama
Who needs Bananarama

WHO NEEDS THE GOVERNMENT!

Alan McGee


Jorge Brasil Mesquita


DÉCIMA NONA MEMÓRIA SONORA

O pintor francês Edouard Manet (1832 – 1883), descendente de uma família da alta burguesia francesa, recebeu lições de pintura de Thomas Couture, um dos mais prestigiados pintores da época e dedicou-se a pintar obras-primas de pintores de várias épocas que foi descobrindo através das diversas visitas que foi fazendo aos melhores Museus da Europa. Entre 1853 e 1865, pinta quadros com temática espanhola, como resultado do fascínio que a pintura do Século de Ouro espanhol exerceu sobre Manet. Com o decorrer do tempo Manet começa a pintar ao ar livre que é uma das características do Impressionismo que, segundo George Rivière, um dos melhores críticos da época, afirmou, em 1877, se caracterizava por “tratar um tema pelas suas tonalidades e não pelo próprio tema.” Com as obras “Olympia” de 1865 e “Le Déjeuner sur L´Herbe” de 1863, Manet provoca escândalo e violentas reacções da crítica e do público.
Em 1981, é editado em Inglaterra o álbum “See Jungle! See Jungle! Go Join Your Gang, Yeath City All Over! Go Ape Crazy” do grupo Bow Wow Wow , cuja capa é uma reprodução, pelos elementos do grupo, do quadro de Manet, “Le Déjeuner Sur L´Herbe”. A capa causou escândalo, em Inglaterra, devido à nudez da vocalista do grupo que ainda era menor.
Os Bow Wow Wow formaram-se, em 1980, pela mão de Malcolm McLaren, o mesmo que foi responsável pela criação dos Sex Pistols, em 1975 e com eles o Punk. David Barbe, Matthew Ashman, Leigh Gorman e Anabella Lu Win de 14 anos e originária de Rangoon, Bruma. Sonoramente o grupo reproduzia as influências que absorveram dos sons tribais do Burundi, levando ao ponto de todos os elementos do grupo vestirem-se segundo os figurinos tribais e de Anabella ter rapado o cabelo para usar um penteado Moicano.
A memória sonora de hoje é um dos temas do álbum acima citado “Chihuahua”.

www.youtube.com/watch?v=N54K6JOIzo0

Bow Wow Wow - Chihuahua lyrics

I'm [???], and I can't sing, I can't do anything
I can't even find my way around town
And I'm 15 and a fool, can't you see
So don't fall in love with me
I'm a rock and roll puppet in a band called Bow Wow Wow
Better of to be a rabbit, at least they have more fun with a gun
I just go on and on, and on and on and on
I wasn't supposed to sing that one
Pop, pop, pop, pop gun

And the Greeks had a word for it, it went like this
Chihuahua, Chihuahua, Chihuahua, bow wow, wow, bow wow, Chihuahua
Everybody try it now, cos there's not always more

[???] A nodding tell [???] a chance, no one can stop it
So don't think of this fool [???] this little girl Sue [???]
I'm a horrid little indolence, can't you see
So don't fall in love with me
I'm a running testious, keep on pestering you
I'm frost and sun energy, don't drink to this fool
Call a doctor, don't be cruel
Don't you know nothing can stop me [???] crewing [???] over you?
And the Greeks had a word for it
Chihuahua, Chihuahua, Chihuahua, bow wow, wow, bow wow, Chihuahua
Everybody try it now, cos there's not always more, Chihuahua

Chihuahua, Chihuahua, Chihuahua, bow wow, wow, bow wow, Chihuahua
Everybody try it now, cos there's not always more
Chihuahua, Chihuahua, Chihuahua, bow wow, wow, bow wow, Chihuahua
Everybody try it now, cos there's not always more
Chihuahua, Chihuahua, Chihuahua, bow wow, wow, bow wow, Chihuahua
Everybody try it now, cos there's not always more

Songwriters: Ashman, Matthew; Gorman, Leigh; Barbarossa, Dave; Mclaren, Malcolm.


Jorge Brasil Mesquita



DÉCIMA QUARTA MEMÓRIA SONORA


Com a integração do Novo México na União (EUA), em 1848 e com a introdução da escravatura no novo Estado que a não possuía, iniciou-se entre os Estados do Sul, um movimento destinado a criar um Grande Estado do Sul, onde imperava a escravatura negra. Com a eleição do abolicionista Abraham Lincoln (1809 – 1865) para Presidente dos EUA, em 1860, o Estado da Carolina do Sul lançou um decreto divisionista, ao mesmo tempo que se preparava para a guerra contra a União. Os Estados do Mississipi, da Florida, do Alabama, da Geórgia, do Louisiana e do Texas, juntaram-se à Carolina do Sul e reunidos na Convenção de Montgomery adoptaram uma Constituição em que se institucionalizava a escravatura negra e procederam à eleição de Jefferson Davis (1808 – 1889) para Presidente dos Estados Confederados do Sul. Esta sucessão de factos veio dar origem à Guerra da Secessão, entre nortistas ou federais e sulistas ou confederados, de 1861 a 1865. O Exército dos Confederados chefiado pelo General Robert Edward Lee (1807 – 1870), considerado um grande estratega, foi conseguindo impor-se ao Exército dos nortistas ou federais, até ao momento em que este passou a ser comandado por Ulysses Grant (1829 – 1885) – mais tarde eleito Presidente dos EUA entre 1868 e 1876 – e por William Sherman (1820 – 1891), conseguindo que os confederados, representados pelo General Lee, se rendessem em 9 de Abril de 1865, em Appomatox Court House, na cidade de Appomatox, Estado da Virgínia.
Em Janeiro de 1970, é editado o álbum “The Band”, um dos melhores álbuns de sempre da Música Popular, pelo grupo The Band que começou por acompanhar Bob Dylan, até encetar o seu próprio percurso musical. The Band era formado por Garth Hudson, Richard Manuel, Levon Helm, Rick Danko e Robbie Robertson que compôs para o álbum o tema “The Night They Drove Old Dixie Down”, cujo personagem principal, Virgil Caine, é um confederado que expõe imagens que se interligam com a guerra. Dixie é o nome atribuído aos Estados Confederados e a composição é a memória sonora de hoje.

www.youtube.com/watch?v=sMHyovwX7JM


The Night They Drove Old Dixie Down lyrics
Songwriters: Robertson, Robbie;
Virgil Caine is the name and I served on the Danville train
'Til Stoneman's cavalry came and tore up the tracks again
In the winter of '65, we were hungry, just barely alive
By May the tenth, Richmond had fell
It's a time I remember, oh so well

The night they drove old Dixie down
And the bells were ringing
The night they drove old Dixie down
And the people were singing
They went, "La, la, la"

Back with my wife in Tennessee, when one day she called to me
"Virgil, quick, come see, there go the Robert E.Lee"
Now I don't mind choppin' wood, and I don't care if the money's no good
Ya take what ya need and ya leave the rest
But they should never have taken the very best

The night they drove old Dixie down
And the bells were ringing
The night they drove old Dixie down
And all the people were singing
They went, "La, la, la"

Like my father before me, I will work the land
And like my brother above me, who took a rebel stand
He was just eighteen, proud and brave, but a Yankee laid him in his grave
I swear by the mud below my feet
You can't raise a Caine back up when he's in defeat

The night they drove old Dixie down
And the bells were ringing
The night they drove old Dixie down
And all the people were singing
They went, "Na, na, na"

The night they drove old Dixie down
And all the bells were ringing
The night they drove old Dixie down
And the people were singing
They went, "Na, na, na"


© CANAAN MUSIC INC; WB MUSIC CORP.;

Jorge Brasil Mesquita


SEXTA MEMÓRIA SONORA

A memória é uma espécie de computador onde se podem pesquisar factos históricos que justificam o nascimento de composições musicais que se tornaram em bandeiras ou em manifestações de oposição a erros políticos que inúmeras vezes se transformam em riscos para a Humanidade.
Estão, neste caso, os acontecimentos ocorridos entre 1961 e 1963, entre os EUA e a União Soviética, que graças à ingenuidade e imaturidade política do Presidente Kennedy dos EUA, provocaram o desastre da Baía dos Porcos, a tentativa de envenenamento de Fidel de Castro, o bloqueio naval e, sobretudo, a crise dos mísseis, todos eles ligados a Cuba e que estiveram na origem de uma quase catástrofe nuclear. As oposições musicais que surgiram, especialmente, entre os Folk Singers, proporcionaram um aumento da popularidade de Bob Dylan que já havia conquistado grande notoriedade com o tema “Blowing In The Wind”. Mas não é esta a minha memória sonora. Esta refere-se a outra composição que Bob Dylan considerou como uma espécie de epitáfio musical, tal era a convicção do desespero que reinava nesse tempo. A composição chama-se “A Hard Rain´S Gonna Fall”. Seguindo o próprio pensamento de Dylan, o verso chave da canção é “The Pellets Of Poison Are Flooding Us All”. A canção foi escrita no final de 1962 e incluída no álbum “Freewheelin” de 1963.
Como é habitual apresento a seguir o acesso ao You Tube e a letra da composição.

vids.myspace.com/index.cfm?fuseaction=vids.individual&videoid=31363243

A Hard Rain's A-Gonna Fall
Oh, where have you been, my blue-eyed son?
Oh, where have you been, my darling young one?
I've stumbled on the side of twelve misty mountains,
I've walked and I've crawled on six crooked highways,
I've stepped in the middle of seven sad forests,
I've been out in front of a dozen dead oceans,
I've been ten thousand miles in the mouth of a graveyard,
And it's a hard, and it's a hard, it's a hard, and it's a hard,
And it's a hard rain's a-gonna fall.
Oh, what did you see, my blue-eyed son?
Oh, what did you see, my darling young one?
I saw a newborn baby with wild wolves all around it
I saw a highway of diamonds with nobody on it,
I saw a black branch with blood that kept drippin',
I saw a room full of men with their hammers a-bleedin',
I saw a white ladder all covered with water,
I saw ten thousand talkers whose tongues were all broken,
I saw guns and sharp swords in the hands of young children,
And it's a hard, and it's a hard, it's a hard, it's a hard,
And it's a hard rain's a-gonna fall.
And what did you hear, my blue-eyed son?
And what did you hear, my darling young one?
I heard the sound of a thunder, it roared out a warnin',
Heard the roar of a wave that could drown the whole world,
Heard one hundred drummers whose hands were a-blazin',
Heard ten thousand whisperin' and nobody listenin',
Heard one person starve, I heard many people laughin',
Heard the song of a poet who died in the gutter,
Heard the sound of a clown who cried in the alley,
And it's a hard, and it's a hard, it's a hard, it's a hard,
And it's a hard rain's a-gonna fall.
Oh, who did you meet, my blue-eyed son?
Who did you meet, my darling young one?
I met a young child beside a dead pony,
I met a white man who walked a black dog,
I met a young woman whose body was burning,
I met a young girl, she gave me a rainbow,
I met one man who was wounded in love,
I met another man who was wounded with hatred,
And it's a hard, it's a hard, it's a hard, it's a hard,
It's a hard rain's a-gonna fall.
Oh, what'll you do now, my blue-eyed son?
Oh, what'll you do now, my darling young one?
I'm a-goin' back out 'fore the rain starts a-fallin',
I'll walk to the depths of the deepest black forest,
Where the people are many and their hands are all empty,
Where the pellets of poison are flooding their waters,
Where the home in the valley meets the damp dirty prison,
Where the executioner's face is always well hidden,
Where hunger is ugly, where souls are forgotten,
Where black is the color, where none is the number,
And I'll tell it and think it and speak it and breathe it,
And reflect it from the mountain so all souls can see it,
Then I'll stand on the ocean until I start sinkin',
But I'll know my song well before I start singin',
And it's a hard, it's a hard, it's a hard, it's a hard,
It's a hard rain's a-gonna fall.
Bob Dylan
Copyright ©1963; renewed 1991 Special Rider Music

Jorge Brasil Mesquita


SÉTIMA MEMÓRIA SONORA

Nos finais da década de 70, formou-se, em Inglaterra, uma pequena editora discográfica, a Two-Tone, a que estiveram ligados na sua fase inicial, grupos como os Madness, os The Beat, os Selecter e, especialmente, os Specials, onde predominava a força impulsionadora e criadora da Two-Tone e do grupo, Jerry Dammers. A editora girava, musicalmente, à volta de uma mistura entre o Punk, a Soul, o Ska e o Reggae. Porém, a memória sonora que aqui pretendo recordar, pertence a uma composição de Dammers, de 1981, cujo título “Ghost Town” traduzia as consequências do declínio da indústria automóvel, em Coventry, terra natal da Dammers. Inesperadamente, a canção ganhou uma maior notoriedade porque o seu lançamento coincidiu com os motins registados no gueto de Brixton, transformando a composição numa espécie de fotografia sonora dos resultados gerados pelos motins.

www.youtube.com/watch?v=RZ2oXzrnti4

The Specials - Ghost Town

This town, is coming like a ghost town
All the clubs have been closed down
This place, is coming like a ghost town
Bands won't play no more
too much fighting on the dance floor

Do you remember the good old days
Before the ghost town?
We danced and sang,
And the music played inna de boomtown

This town, is coming like a ghost town
Why must the youth fight against themselves?
Government leaving the youth on the shelf
This place, is coming like a ghost town
No job to be found in this country
Can't go on no more
The people getting angry

This town, is coming like a ghost town
This town, is coming like a ghost town
This town, is coming like a ghost town
This town, is coming like a ghost town

Jerry Dammers


Jorge Brasil Mesquita


DÉCIMA PRIMEIRA MEMÓRIA SONORA

Quando, em 1970, foi lançado o álbum “Bridge Over Troubled Water”, do duo Simon and Garfunkel, o álbum foi, simultaneamente, o mais popular e o último que os dois registaram com originais. Como habitualmente, fiz o que sempre fizera com cada álbum do duo que era colocado à venda: encontrar as pequenas preciosidades a que, usualmente, ninguém ligava. Entre elas destaco: “Bleecker Street” e “Sounds of Silence” (a versão acústica) do album “Wednesday Morning, 3AM” de 1964; “Leaves That Are Green” e “Kathy´s Song” que pertencem ao album “Sounds of Silence” de 1966; “Dangling Conversation” e “A Poem On The Underground Wall”, incluídas no “Parsley, Sage, Rosemary and Thyme” de 1966; “Old Friends” e “Punky´s Dilemma” do album “Bookends” de 1968 e, finalmente, o tema que é a memória de hoje, que vem incluída no álbum “Bridge Over Troubled Water”, entitulado “So Long, Frank LLoyd Wright”.
Entre os finais do século 19 e o século 20, a arquitectura sofreu um forte impulso criador, graças à força inovadora de arquitectos, dos quais se devem destacar o francês de origem suíça Le Corbusier (1887 – 1965), o finlandês Alvar Aalto (1898 – 1976), o alemão Walter Gropius (1883 – 1969), fundador da Escola Bauhaus de que já falei na Nona Memória Sonora, o brasileiro Óscar Niemeyer, o português Cassiano Branco (1898 – 1970) e do arquitecto Estado Unidense Frank LLoyd Wright (1869 – 1959) e que é o tema desta memória sonora. José Manuel Fernandes no seu livro “Arquitectos do Sec. XX” afirma que Wright foi um “teorizador das suas próprias opções e criações, como uma reflexão filosófica aplicada ao espaço – tanto arquitectónico como urbanístico territorial”. Entre as suas criações destaco a Casa da Cascata, a Robbie House, em Chicago e o famoso Museu Guggenheim, em Nova Iorque. Como reflexo destes criadores arquitectónicos, as cidades de hoje não dispensam a interligação arquitectura, urbanismo e paisagismo. Desenvolvimento criativo que tem proporcionado o aparecimento de novos arquitectos, reconhecidos mundialmente, como é o caso do português Álvaro Siza Vieira, o arquitecto da frescura dos brancos luminosos. Mas regressemos a Frank LLoyd Wright e à preciosa e deliciosa composição de Paul Simon.

www.youtube.com/watch?v=4yA0i_qMD3U

So Long, Frank Lloyd Wright

So long, Frank Lloyd Wright.
I can't believe your song is gone so soon.
I barely learned the tune
So soon
So soon.

I'll remember Frank Lloyd Wright.
All of the nights we'd harmonize till dawn.
I never laughed so long
So long
So long.

CHORUS
Architects may come and
Architects may go and
Never change your point of view.
When I run dry
I stop awhile and think of you

So long, Frank Lloyd Wright
All of the nights we'd harmonize till dawn.
I never laughed so long
So long
So long.

Paul Simon


Jorge Brasil Mesquita
OITAVA MEMÓRIA SONORA

O Festival de Woodstock, realizado nos dias 15, 16 e 17 de Agosto de 1969, na herdade de Max Yasgur, Estado de Nova Iorque, foi, simultaneamente, o apogeu e o início do declínio do movimento de contra-cultura e hippie, iniciado em San Francisco e tendo como mentores os elementos fundadores da Beat Generation e que foi engolido pelo Sistema com a maior das naturalidades. Contudo, não é com o Festival que preencherei esta memória sonora, mas sim com a composição “Woodstock” que é uma celebração do Festival e que foi composta por essa grande senhora da música popular, Joni Mitchell, em 1969 e editada no seu álbum “Ladies of The Canyon” de 1970. Porém, não é a sua versão, nem a dos seus amigos e companheiros Crosby, Stills, Nash and Young que se encontra no álbum “Deja Vu” de 1970. Esta memória sonora pertence ao grupo Matthews Southern Comfort de Ian Matthews, que, entretanto, havia abandonado os Fairport Convention. A versão é uma mistura de Folk, açúcar e harmonias vocais que brilham pela limpidez e que traduzem, em minha opinião, o ambiente que se viveu no Festival.


www.youtube.com/watch?v=pyTUF5gP2KE

Woodstock Lyrics

I came upon a child of God
He was walking along the road
And I asked him, "Where are you going?"
And this he told me...

I'm going on down to Yasgur's Farm,
I'm gonna join in a rock and roll band.
I'm gonna camp out on the land.
I'm gonna get my soul free.

We are stardust.
We are golden.
And we've got to get ourselves back to the garden.

Then can I walk beside you?
I have come here to lose the smog,
And I feel to be a cog in something turning.

Well maybe it is just the time of year,
Or maybe it's the time of man.
I don't know who I am,
But you know life is for learning.

We are stardust.
We are golden.
And we've got to get ourselves back to the garden.

By the time we got to Woodstock,
We were half a million strong
And Everywhere there was song and celebration.

And I dreamed I saw the bombers
Riding shotgun in the sky,
And they were turning into butterflies
Above our nation.

We are stardust..
We are golden..
And we've got to get ourselves back to the garden.


Joni Mitchell




Jorge Brasil Mesquita



QUARTA MEMÓRIA SONORA

Enquanto a França viveu sob a ocupação da Alemanha Nazi, durante a II Grande Guerra, formaram-se vários grupos de guerrilheiros que constituíram A Resistência. Um desses grupos denominava-se Partisans que combatiam apoiados pela força aglutinadora do seu hino “Le Chante de Partisan”, composto por Maurice Druon e Joseph Kessel. Porém, este hino baseou-se numa composição, em russo, de Anna Marly, com tradução posterior para inglês de Hy Zaret. Foi este “The Partisan” que o poeta e cantautor canadiano Leonard Cohen contribuiu para a sua divulgação junto da juventude dos anos 70, como homenagem à Resistência Francesa e contra toda a forma de imperialismos. O tema retrata a caminhada de um Partisan, na sua acção de resistência. “The Partisan” é uma das faixas incluídas no álbum “Songs From a Room” de 1969. Seguem-se os acessos ao You Tube e os poemas de cada um dos temas:

www.youtube.com/watch?v=oG4ndbhOkpI

"The Partisan"

When they poured across the border
I was cautioned to surrender,
this I could not do;
I took my gun and vanished.
I have changed my name so often,
I've lost my wife and children
but I have many friends,
and some of them are with me.

An old woman gave us shelter,
kept us hidden in the garret,
then the soldiers came;
she died without a whisper.

There were three of us this morning
I'm the only one this evening
but I must go on;
the frontiers are my prison.

Oh, the wind, the wind is blowing,
through the graves the wind is blowing,
freedom soon will come;
then we'll come from the shadows.

Les Allemands e'taient chez moi, (The Germans were at my home)
ils me dirent, "Signe toi," (They said, "Sign yourself,")
mais je n'ai pas peur; (But I am not afraid)
j'ai repris mon arme. (I have retaken my weapon.)

J'ai change' cent fois de nom, (I have changed names a hundred times)
j'ai perdu femme et enfants (I have lost wife and children)
mais j'ai tant d'amis; (But I have so many friends)
j'ai la France entie`re. (I have all of France)

Un vieil homme dans un grenier (An old man, in an attic)
pour la nuit nous a cache', (Hid us for the night)
les Allemands l'ont pris; (The Germans captured him)
il est mort sans surprise. (He died without surprise.)

Oh, the wind, the wind is blowing,
through the graves the wind is blowing,
freedom soon will come;
then we'll come from the shadows.

Anna Marly/ Hy Zaret


youtube.com/watch?v=QRhg-Ioik8c

Le chant des partisans
Ami, entends-tu le vol noir des corbeaux sur nos plaines ?
Ami, entends-tu les cris sourds du pays qu’on enchaîne ?
Ohé, partisans, ouvriers et paysans, c’est l’alarme.
Ce soir l’ennemi connaîtra le prix du sang et les larmes.
Montez de la mine, descendez des collines, camarades !
Sortez de la paille les fusils, la mitraille, les grenades.
Ohé, les tueurs à la balle et au couteau, tuez vite !
Ohé, saboteur, attention à ton fardeau : dynamite…
C’est nous qui brisons les barreaux des prisons pour nos frères.
La haine à nos trousses et la faim qui nous pousse, la misère.
Il y a des pays où les gens au creux des lits font des rêves.
Ici, nous, vois-tu, nous on marche et nous on tue, nous on crève…
Ici chacun sait ce qu’il veut, ce qu’il fait quand il passe.
Ami, si tu tombes un ami sort de l’ombre à ta place.
Demain du sang noir sèchera au grand soleil sur les routes.
Chantez, compagnons, dans la nuit la Liberté nous écoute…
Ami, entends-tu ces cris sourds du pays qu’on enchaîne ?
Ami, entends-tu le vol noir des corbeaux sur nos plaines ?
Oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh…
Maurice Druon/ Joseph Kessel


Jorge Brasil Mesquita


DÉCIMA MEMÓRIA SONORA

Sempre que um certo estado de alma e a pintura resvala mentalmente por mim, vem-me à memória, não sei bem porquê, “Os Quatro Girassóis” que o pintor Vincent Van Gogh pintou em 1887.
O pintor Van Gogh nasceu em Groot Zundert, na Holanda no ano de 1853 e suicidou-se em Auvers-sur-Oise, em França no ano de 1890. Antes de se dedicar à pintura passou pelo desejo falhado de ser um pastor religioso e evangelista. Como pintor pode dizer-se que se encontram em alguns dos seus quadros influências pós-impressionistas e ligações à Escola Simbolista de Pont-Aven, fundada por Paul Gaugin e Emile Bernard. Pode-se dizer que a verdadeira influência da produção artística de Van Gogh se encontra nas flutuações do seu estado psíquico, que em 1890, o levariam ao suicídio.
O que me atrai em Van Gogh são as cores que me absorvem psicologicamente, como o sol ilumina o dia.
Don Mclean é um cantautor que alcançou grande popularidade graças a uma composição de nome “American Pie” que segundo reza a lenda musical é dedicada a Buddy Holly (1936-1959) onde consta o verso “The Day The Music Died” que se diz coincidir com a morte de Buddy. A composição vinha incluída no álbum com o mesmo título, editado em 1971. o álbum incluía, igualmente, a canção “Vincent” que é um excelente tributo ao pintor Vincent Van Gogh.


www.youtube.com/watch?v=dipFMJckZOM


Don McLean - Vincent lyrics

Starry
starry night
paint your palette blue and grey

look out on a summer's day
with eyes that know the
darkness in my soul.
Shadows on the hills
sketch the trees and the daffodils

catch the breeze and the winter chills

in colors on the snowy linen land.
And now I understand what you tried to say to me

how you suffered for your sanity
how you tried to set them free.
They would not listen
they did not know how

perhaps they'll listen now.

Starry
starry night
flaming flo'rs that brightly blaze

swirling clouds in violet haze reflect in
Vincent's eyes of China blue.
Colors changing hue
morning fields of amber grain

weathered faces lined in pain
are soothed beneath the artist's
loving hand.
And now I understand what you tried to say to me

how you suffered for your sanity
how you tried to set them free.
perhaps they'll listen now.

For they could not love you
but still your love was true

and when no hope was left in sight on that starry
starry night.
You took your life
as lovers often do;
But I could have told you
Vincent
this world was never
meant for one
as beautiful as you.

Starry
starry night
portraits hung in empty halls

frameless heads on nameless walls
with eyes
that watch the world and can't forget.
Like the stranger that you've met

the ragged men in ragged clothes

the silver thorn of bloddy rose
lie crushed and broken
on the virgin snow.
And now I think I know what you tried to say to me

how you suffered for your sanity

how you tried to set them free.
They would not listen
they're not
list'ning still
perhaps they never will.

Don Mclean

Jorge Brasil Mesquita


DÉCIMA SÉTIMA MEMÓRIA SONORA

David Lynch, o realizador que explora, em alguns dos seus filmes como em
“Eraserhead”, de 1978, “Elephant Man”, de 1980, “Dune”, de 1984, as bizarrias dos mistérios que a mente humana encerra, realizou e escreveu o argumento, em 1986, do filme “Blue Velvet”, tendo como actores principais Isabella Rosselini, Kyle Maclachlan, Dennis Hopper e Laura Dern.
A história centra-se numa pequena cidade da “Middle America” e gira à volta de um jovem que se vê envolvido no mistério de um psicopata sádico e traficante de droga que rapta a família de uma cantora de um clube nocturno para satisfazer os seus instintos de brutalidade sexual, aconchegados à atmosfera de algumas canções, como por exemplo “In Dreams” de Roy Orbison, que lhe padronizam o gosto, enquanto se projecta a crueldade e o horror. A canção “Blue Velvet”, interpretada por Bobby Vinton, e que dá o nome ao filme, é um dos desejos que consome Dennis Hopper que, no filme, representa o psicopata. Na sequência deste filme Lynch realizou a excelente série “Twin Peaks” para a televisão. Seria uma excelente oportunidade para a RTP Memória voltar a exibi-la entre nós.
Stanley Robert Vinton (Bobby Vinton) nasceu em Canonsburg, Pennsylvania, EUA, em 16 de Abril de 1935. Iniciou-se, musicalmente, como trompetista, até se tornar vocalista da banda do estabelecimento de
ensino que frequentava. Em 1960, assinou pela editora Epic Records e, em 1962, com a composição “Roses Are Red”, obteve o seu primeiro grande sucesso. Em 1963, grava a canção “Blue Velvet” de Lee Morris e Bernie Wayne e com ela atinge o primeiro lugar das canções mais vendidas nos EUA. Antes desta versão, já Tony Bennett, em 1951 e o grupo de Doo-Wop, Clovers, em 1955, a tinham gravado.
A versão de Vinton é bastante açucarada e representativa de um certo estilo musical praticado pelos chamados Teen Idols, entre 1959 e 1963, nos EUA. Vinton foi um dos últimos deste Teen Idols e, embora a versão dos Clovers seja muito superior, a versão de Vinton, por motivos óbvios, é a memória sonora de hoje.

www.youtube.com/watch?v=qh1dAgoa3Bc

Blue Velvet
~ Bobby Vinton

She wore blue velvet
Bluer than velvet was the night
Softer than satin was the light
From the stars

She wore blue velvet
Bluer than velvet were her eyes
Warmer than May her tender sighs
Love was ours

Ours a love I held tightly
Feeling the rapture grow
Like a flame burning brightly
But when she left, gone was the glow of

Blue velvet
But in my heart there'll always be
Precious and warm, a memory
Through the years
And I still can see blue velvet
Through my tears

Lee Morris e Bernie Wayne


Jorge Brasil Mesquita


VIGÉSIMA MEMÓRIA SONORA

O cantor de Soul, Geno Washington, nascido em 1943, em Indiana, EUA, integrado na Força Aérea do EUA, foi colocado em East Anglia, Inglaterra, na década de 60, onde como cantor de Soul ganhou o estatuto de culto, ao liderar o grupo de Soul, Ram Jam Band que imprimia nas suas actuações, um ritmo frenético, através de uma selecção de números de Soul, sem interrupções, o que provocava na assistência, delírios de cortar a respiração. Geno regressou, posteriormente, aos EUA, onde só voltou aos palcos nos finais da década de 70.
No entanto, Geno voltou à ribalta, quando o grupo inglês Dexy´s Midnight Runners gravou o tema “Geno”, em sua homenagem.
Os Dexy´s Midnight Runners formaram-se, em Birmingham, Inglaterra no ano de 1978, tendo como núcleo inicial Kevin Rowland e Al Archer e o nome de Killjoys. Juntamente com a mudança do nome do grupo, juntaram-se-lhes Pete Williams, J.B.Blyte, Steve Spooner, Pete Saunders, Big Jim Patterson e Bobby Júnior. O nome escolhido pelo grupo foi retirado da Amphetamine Dexetine, um estimulante muito apreciado pelos cantores Soul do nordeste britânico. O grupo ganhou a fama pela sua aversão às drogas e ao álcool, enquanto Kevin Rowland baseava a sua imagem na elegância dos estivadores italianos do filme “Mean Streets” de 1973, realizado por Martin Scorcese e interpretado por Robert de Niro. Sonoramente, os Dexy´s praticavam a Soul Music e foram, de certa forma, os seus revitalizadores, na Inglaterra.
Em 1980, “Geno” dos Dexy´s Midnight Runners lançou-os para a ribalta do sucesso, reavivou o interesse em Geno Washington e é, igualmente, a memória sonora de hoje.

www.youtube.com/watch?v=FJc_q8eH2ng

Dexy's Midnight Runners - Geno Lyrics

Geno! Geno! Geno! Geno! Geno! ...

Back in '68 in a sweaty club
Oh, Geno
Before Jimmy's Machine and The Rocksteady Rub
Oh-oh-oh Geno-o
On a night when flowers didn't suit my shoes
After a week of flunkin' and bunkin' school
The lowest head in the crowd that night
Just practicin' steps and keepin' outta the fights

Academic inspiration, you gave me none
But you were Michael the lover
The fighter that won
But now just look at me
I'm looking down at you
No, I?m not bein? flash
It?s what I?m built to do

That man took the stage, his towel was swingin' high
Oh Geno
This man was my bombers, my Dexy's, my high
Oh-oh-oh Geno-o
The crowd they all hailed you, and chanted your name
But they never knew like we knew
Me and you were the same
And now you're all over, your song is so tame, brrrrr
You fed me, you bred me, I'll remember your name

Academic inspiration, you gave me none
You were Michael the lover
The fighter that won
But now just look at me
I'm looking down at you
No, I?m not bein? flash
It?s what I?m built to do

Oh Geno, Woh-oh-oh Geno-o
Oh Geno, Woh-oh-oh Geno-o

Kevin Rowland/Al Archer

Oeiras, 18/10/2009 – Jorge Brasil Mesquita



VIGÉSIMA PRIMEIRA MEMÓRIA SONORA

Esta 21 Memória Sonora leva-me ao Sudueste dos Estados Unidos da América e à tribo dos Índios Cherokees que habitavam uma zona, localizada entre Os Apalaches e o rio Tennessse, tendo como dialecto o Iroquês. Os Cherokees sofreram, como muitas outras tribos, os efeitos da expedição espanhola de 1513 e das invasões colonizadoras francesas, inglesas e norte-americanas, que, além da guerra, provocaram a doença, o êxodo e a sua decadência.
O dialecto dos Cherokees foi o primeiro a possuir a sua própria escrita, um silabário criado por Sequoyah (1770 – 1843), formado por 86 sílabas, a criar uma Bíblia, um jornal bilingue “The Cherokee Phoenix” e uma Constituição escrita, como forma de escapar à opressão branca das décadas de 1830 e 1840.
Os Cherokees, juntamente com as tribos dos Choctaws, dos Chickasaws, dos Seminolas e dos Creeks, que eram consideradas as “cinco tribos civilizadas” por serem as que melhor se tinham adaptado ao homem branco, foram incluídas no Indian Removal Act de 1830, projectado pelo Presidente dos Estados Unidos da América, Andrew Jackson (1767 – 1845), que consistiu em proibir a permanência daquelas cinco tribos, a leste do rio Mississípi, obrigando-as a marchas forçadas que provocaram milhares de vítimas, marcha que ficou conhecida como a Rota das Lágrimas ou o Lamento dos Cherokees que é o tema da memória sonora “Indian Reservation”, interpretado pelo grupo Raiders, em 1970.
Os Raiders são os descendentes directos do grupo Paul Revere and The Raiders que, inicialmente, se chamaram Downbeats, cuja constituição se restringia a Paul Revere e a Mark Lindsay, formação criada em 1959, Caldwell, Idaho, EUA. Posteriormente, com a inclusão de Drake Levin, Mike Holliday, Michael Smith e, mais tarde, Phil Volk, o grupo passou a denominar-se Paul Revere and The Nightriders, antes de se fixarem no nome definitivo, Paul Revere and The Raiders que obtiveram alguns sucessos na década de 60, como, por exemplo, “Stepping Out” e “Just Like Me”, em 1965; “Kicks” e “Hungry”, em 1966; “Good Thing” e “Him or Me – What´s Gonna Be”, em 1967 e, finalmente, após os abandonos de Paul Revere e Mark Lindsay e reduzidos ao nome de Raiders, obtiveram o seu maior sucesso, com “Indian Reservation”, dedicada aos Cherokees e que é a memória sonora de hoje.

Fonte: “Os Índios da América do Norte” de Larry J. Zimmerman, com tradução de Sofia Gomes e editado pela Tema e Debates.
www.youtube.com/watch?v=DsMQbedCZj0

The Raiders
Indian Reservation lyrics

Songwriters: Loudermilk, John

They took the whole Cherokee nation
Put us on this reservation
Took away our ways of life
The tomahawk and the bow and knife
Took away our native tongue
And taught their English to our young
And all the beads we made by hand
Are nowadays made in Japan

Cherokee people, Cherokee tribe
So proud to live, so proud to die

They took the whole Indian nation
Locked us on this reservation
Though I wear a shirt and tie
I'm still part redman deep inside

Cherokee people, Cherokee tribe
So proud to live, so proud to die

But maybe someday when they learn
Cherokee nation will return, will return, will return, will return, will return

Oeiras, 25/10/2009 – Jorge Brasil Mesquita



VIGÉSIMA SEGUNDA MEMÓRIA SONORA

O Reggae conheceu uma forte difusão, em Inglaterra, na década de 70. Um dos grupos ingleses que aderiu ao Reggae e ao Rastafarismo, foram os Steel Pulse que se formaram em 1975, na Handsworth School, em Birmingham, constituídos por David Hinds, Basil Gabbidon e Ronnie McQueen. A primeira gravação do grupo, “Kibudu, Mansetta and Abuku”, foi lançada na editora independente Dip e, musicalmente, estabelecia um compromisso entre os sons de uma juventude negra urbana e os da imagem de um grande lar africano. A segunda gravação saiu na Anchor com o tema “Nyah Love”. O grupo viu serem-lhes recusados espectáculos nos Midlands ingleses devido à sua adesão ao Rastafarismo. Participaram na organização do Rock Against Racism. Com a participação em espectáculos como suporte de uma grandes intérpretes jamaicanos de reggae, Burning Spear, proporcionou-lhes um contrato com a editora Island Records. “Klu Klux Klan” foi o primeiro lançamento da editora e o tema, que abordava os demónios do racismo daquela seita, é a memória sonora de hoje.
O Klu Klux Klan é o nome de uma seita, fundada nos Estados Unidos da América, em 24/12/1865, em Pulaski, sede de distrito, no Tennessee meridional, a 80 milhas de Nasheville, próximo do Estado do Alabama, por Calvin E. Jones, Frank O. McCord, Richard Reed, Jonh B. Kennedy, John C. Lester e James R. Crowe, todos eles desmobilizados do exército dos Confederados.
O nome da seita provém da palavra grega Kuklos – faixa ou círculo – que foi dividida em duas palavras: Ku e Klos que modificado se transformou em Ku Klux. Como todos tinham ascendência escocesa foi proposta e aceite a palavra escocesa Clan que se tornou em Klan.
Visto que o Klan visava, primordialmente, a pureza e a preservação do lar e a protecção das mulheres e das crianças e, em especial, das viúvas e dos órfãos dos soldados Confederados, o branco, símbolo da pureza, foi escolhido para as túnicas e para que fossem notadas e despertassem temor, o vermelho, símbolo do sangue, que os homens do Klan estavam dispostos a derramar em defesa dos fracos, foi escolhida para as guarnições.
No Covil de Pulaski, num lugar chamado “A Enseada”, um anfiteatro natural no fundo da floresta, ficou decidido que o futuro e a finalidade do Klu Klux Klan, fosse a manutenção da supremacia branca.
A estrutura primitiva formal do Klan era formada, em cada Estado por um Reino, governado por um Grande Dragão; cada distrito congressional era um Domínio, governado por um Grande Titã; e cada Condado, uma Província gerida por um Grande Gigante. Toda a área coberta pelo poder do Klan, constituía o Império Invisível.
A finalidade deste texto dedicado ao Klu Klux Klan, teve, apenas, como objectivo revelar a origem, a estrutura e a finalidade da seita nos seus primeiros anos de vida que foi baseado no livro “The Klu Klux Klan” – a Century of Infamy, de 1965 e da autoria dWilliam Peirce Randel.

www.youtube.com/watch?v=yULRZ3zLXc8

Steel Pulse - Ku Klux Klan Lyrics
Walking along just kicking stones
Minding my own business
I come face to face, with my foe
Disguised In violence from head to toe.
I holla and I bawl (Ku Klux Klan)
But dem naw let me go now
To let me go was not dem intention
Dem seh one nigger the less
The better for the show
Stand strong black skin and take your blow
It's the Ku, the Ku Klux Klan
Here to stamp out blackman yah
The Ku, the Ku Klux Klan heh!
To be taught a lesson not to walk alone
I was waiting for the Good Samaritan
But waiting was hopeless
It was all in vain
The Ku Klux Klan back again
I holla and I bawl (Ku Klux Klan)
Dem naw let me go now
Dem seh one nigger the less
The better the show
Stand strong blackskin and take your blow
The Ku, Ku Klux Klan
Rape, lynch, kill and maim
Things can't remain the same yah no!

Blackman do unto the Klan
AS they would do to you
In this case hate they neighbour
Those cowards only kill who they fear
That's why they hide behind
The hoods and cloaks they wear
I holla and I bawl, Ku Klux Klan
Dem naw let me go no, Ku Klux Klan
Oh no, oh no...
Here to stamp out black man yah
Rape, lynch, kill and maim
Things can't remain the same yah
No, no, no, no.
David Hinds, Basil Gabbidon e Ronnie McQueen

Oeiras, 01/11/2009 – Jorge Brasil Mesquita



VIGÉSIMA TERCEIRA MEMÓRIA SONORA

Paul Humphreys e Andy McCluskey formaram, em 1978, a banda escolar Equinox, em West Kirby, na cidade inglesa de Liverpool que evoluiu para as bandas VCL XI, Hitlerz Underpantz, ID e, finalmente, a Orchestral Manoeuvres In The Dark que gravaram o 7” “Electricity” para a editora independente Factory de Tony Wilson, em Manchester. A subsidiária DinDisc da Virgin Records reeditou o 7” que se transformou num sucesso. Seguiram-se dois outros grandes sucessos do grupo, os 7” “Messages” e, especialmente, “Enola Gay” que recordava o nome do bombardeiro que lançou a bomba atómica sobre Hiroxima e que é a memória sonora de hoje.
Embora o lançamento da bomba esteja inserido num certo número de factos históricos ligados à Segunda Grande Guerra, vou cingir-me, apenas, aos momentos essenciais que historiam factos ligados ao lançamento da bomba atómica.
Em Agosto de 1942, Franklin Delano Roosevelt (1882 – 1945), Presidente dos Estados Unidos da América, decide que se fabrique a bomba atómica. As operações de carácter militar ficaram a cargo do General Leslie R. Groves. No Outono de 1942, Robert Oppenheimer, professor de Física de Berkeley, acompanhado pelos Físicos, Fermi, Bohr, Beth e Teller, formam a equipa que vai trabalhar na criação da bomba atómica e instalam-se num laboratório, localizado em Los Álamos, no Novo México, na Primavera de 1943.
Em 16 de Julho de 1945, dão-se dois acontecimentos históricos de grande importância: a mensagem de paz do Imperador Hiro Hito do Japão e a explosão da primeira bomba atómica às 5h29´25”, em Alomogordo, no deserto do Novo México.
A 11 de Junho de 1945, sete sábios: J. Franck, E. Rabinovitch, D. Hughes, T. Hogness, G. Seaborg e S. Nickon, redigem o relatório Franck, contra a utilização da bomba atómica.
A 26 de Julho de 1945, Harry Truman (1884 – 1972), novo Presidente dos EUA, envia um ultimato, com o apoio da Grã-Bretanha e da China, ao Japão que o recusa. Truman ordena que se recorra à bomba atómica. O General Spaatz reúne o urânio e o plutónio, necessários à bomba, na ilha de Tinian de onde descolou o Boeing B-29 “Enola Gay” que a 6 de Agosto de 1945, às 8h15´ largou a bomba sobre a cidade japonesa de Hiroxima. O bombardeiro foi comandado por Paul Tibbets Jr., Comandante do 509 Agrupamento Aéreo e responsável pelo nome dado ao bombardeiro, em homenagem à sua mãe.
A justificação para o uso da bomba, visava acabar com a guerra no Pacífico e representava uma tentativa para equilibrar as potências do Mundo.
O Físico Britânico Blackell conclui no seu livro, publicado em 1948: assim, na verdade concluímos que o lançamento de bombas atómicas, não foi tanto o último acto militar da Segunda Guerra Mundial, mas como o primeiro acto da guerra diplomática fria que, actualmente, se desenrola com a Rússia.

www.youtube.com/watch?v=craC9eT71EI

ORCHESTRAL MANOEUVRES IN THE DARK - ENOLA GAY LYRICS

Enola Gay, you should have stayed at home yesterday
Oho it can't describe the feeling and the way you lied
These games you play, they're gonna end it all in tears someday
Oho Enola Gay, it shouldn't ever have to end this way
It's 8:15, that's the time that it's always been
We got your message on the radio, condition's normal and you're coming home
Enola Gay, is mother proud of little boy today
Oho, this kiss you give, it's never ever gonna fade away
Enola Gay, it shouldn't ever have to end this way
Oho Enola Gay, it should've faded our dreams away
It's 8:15, oh that's the time that it's always been
We got your message on the radio, condition's normal and you're coming home
Enola Gay, is mother proud of little boy today
Oho, this you give, it's never ever gonna fade away


Oeiras, 08/11/2009 – Jorge Brasil Mesquita



DÉCIMA OITAVA MEMÓRIA SONORA

Em 1956, o jornal inglês Daily Mail classificou o novelista Kingsley Amis (1922 – 1995), o dramaturgo e actor John Osborne ( 1929 – 1994), o escritor Colin Wilson e o dramaturgo Michael Hastings como os representantes da geração literária do pós-guerra e um outro jornal inglês, o Daily Express que, notando a hostilidade do quarteto para com a Cultura académica, caracterizou-os como os “Angry Young Man”.
Em 1954, Kingsley Amis publicou a novela “Lucky Jim”, cujo tema humorístico, centra-se em Jim Dixon, leitor de uma Universidade de província e a sua luta pela sobrevivência na vida académica.
Em Maio de 1956, o Royal Court Theatre levou à cena a peça “Look Back In Anger” de John Osborne, actor e desempregado, que um agente do teatro publicitou como tendo sido escrita por um Very Angry Young Man. A peça centra-se na figura do trompetista Jimmy Porter que é inimigo da burguesia e de uma sua representante, a sua mulher, Alison.
“The Outsider”, de Colin Wilson, denota a influência da alienação e da aspiração espiritual que condiziam com o sentimento da época. O livro transformou Colin, de um momento para o outro, no filósofo de café e equiparam-no aos existencialistas franceses.
Dixon e Porter são exemplares de um novo protagonista: o homem da classe média baixa que enceta todos os esforços, falhados, para se integrarem na burguesia.
O termo AYM acabou por se aplicar às pessoas politizadas que se manifestavam, frontalmente, contra o sistema social britânico.
A diferença que marca Dixon e Porter é a ausência de uma linha política que se manifesta numa declaração de Porter: “não restaram causas heróicas por que se lute”. A declaração, embora escrita antes da crise do Canal de Suez e da invasão soviética da Hungria, causou impacto quando foi radiodifundida entre os jovens.
Nas décadas posteriores, os AYM têm como modelos os escritores Irvine Welsh, Alan Waner e John King e entre interpretes da música popular como John Lennon, Johnny Rotten e os irmãos Gallaghers dos Oásis que compuseram um tema, curiosamente intitulado, “Don´t Look Back In Anger”, inspirada num fragmento de uma conversa de John Lennon.
Os Oásis formaram-se em 1992, em Manchester, Inglaterra, por Liam Gallagher, Paul Arthurs, Paul McGuigan e Tony McCarrol e que, inicialmente, se chamavam Rain. Posteriormente, Noel Gallagher juntou-se ao grupo e em 1993 assinaram contrato com a editora independente Creation Records de Alan MacGee, iniciando a sua ascensão musical, principalmente, com os álbuns “Definitely Maybe” em Agosto de 1994 e “(What´s The Story) Morning Glory?” em Outubro de 1995, onde se inclui a memória sonora de hoje “Don´t Look Back In Anger” que é um exemplo de composição que reflecte o amadurecimento da harmonização áspera do grupo.

www.dailymotion.com/video/xp7f_oasis-dont-look-back-in-anger_music

Don't Look Back In Anger Lyrics
Artist(Band):Oasis

Slip inside the eye of your mind
Don't you know you might find
A better place to play
You said that you'd never been allagher
But all the things that you've seen
Will slowly fade away

So I start a revolution from my bed
'Cause you said the Brains I had went to my head
Step outside the summertime's in bloom
Stand up beside the fireplace
Take that look from off your face
You ain't ever gonna burn my heart out

So Sally can wait, she knows it's too late as we're walking on by
Her soul slides away, but don't look back in anger
I heard you say

Take me to the place where you go
Where nobody knows, if it's night or day.
Please don't put your life in the hands
Of a Rock 'n Roll band
Who'll throw it all away

I'm gonna start the revolution from my bed
'Cos you said the Brains I had went to my head
Step outside cos summertime's in bloom
Stand up beside the fireplace
Take that look from off your face
Cos you ain't ever gonna burn my heart out

So Sally can wait, she knows it's too late as she's walking on by.
My soul slides away, but don't look back in anger
I heard you say

So Sally can wait, she knows it's too late as we're walking on by
Her soul slides away, but don't look back in anger
I heard you say

And So Sally can wait, she knows it's too late and she's walking on by
My soul slides away, but don't look back in anger, don't look back in anger
I heard you say

At least not today.

Noel Gallagher

Jorge Brasil Mesquita



DÉCIMA SEXTA MEMÓRIA SONORA

Um negro de nome Berry Gordy, ex-pugilista, ex-dono de uma discoteca, ex-trabalhador de uma linha de montagem de automóveis, em Detroit, EUA e compositor de “Reete Petite”, interpretada por Jackie Wilson e de “Money”, cantada por Barret Strong, fundou em Detroit a editora Tamla Motown num edifício da cidade intitulado Hitsville, USA, editora que Gordy considerava como “The Sound of Young América”. A Tamla Motown era dirigida por negros e, praticamente, todos os grupos e intérpretes da editora, também o eram. Sem dúvida que a Motown foi uma das várias fatias negras que contribuíram para que, hoje, haja um Senhor Obama negro, como Presidente dos EUA. A editora era controlada, sonoramente, e sofisticada em políticas de educação social, até aos mais pequenos pormenores, inserida numa linha de compositores, como, por exemplo, Smokey Robinson e a tripla Holland-Dozier-Holland que produziram canções que todo o mundo consumiu nas vozes dos Smokey Robinson and The Miracles, das Supremes, dos Temptations, dos Four Tops, de Marvin Gaye, dos Jackson Five e de Stevie Wonder.
Stevie Wonder nasceu em Saginaw, Michigan a 13 de Abril de 1950, cegando durante a sua infância. O seu nome Steveland Morris foi alterado para Little Stevie Wonder quando assinou o contrato com a Motown. A harmónica tornou-se numa das suas imagens de marca, a partir das suas primeiras gravações, em que se inclui o seu primeiro grande sucesso “Fingertips-Pt2”, em 1963, a que se seguiram inúmeras composições que o guindaram ao estrelato, até que, ao atingir os 21 anos em 1971, Stevie Wonder se libertou das amarras que o privavam da sua liberdade criativa. Os álbuns “Music f My Mind” e “Talking Book” de 1972 e “Innervisions” de 1973, são os primeiros passos do seu processo criativo, nomeadamente, “Talking Book”. Em 1976, Stevie lançou o duplo álbum “Songs In The Key Of Life” onde se inclui um tributo a um dos gigantes do jazz, Duke Ellington, através da composição “Sir Duke”.
A cultura do jazz é uma viagem humana que se aprende e ensina com a linguagem sonora do improviso individual e colectivo, desde as raízes da sua origem, até aos frutos da sua eternidade.
Duke Ellington ( 29 de Abril de 1899 – 24 de Maio de 1976), nasceu em Washington e desde muito criança aprendeu a tocar piano e harmonia. Em 1914 compôs os seus primeiros temas. Lidera vários grupos a partir de 1918 e em 1924 forma a banda Washingtonians que, entre 1927 e 1931, actua no Cotton Club, em Harlem, clube onde só actuavam músicos negros e a assistência era exclusivamente composta por brancos. As actuações no Cotton Club proporcionaram-lhe uma enorme projecção, dentro e fora dos EUA, abrindo-lhe as portas da Europa, onde efectuou um sem número de digressões. Durante a década de 50 Ellington passou por fase de declínio que, posteriormente, viria a ser alterada com a sua presença no Newport Jazz Festival em 1956 que reavivou a sua popularidade que se prolongaria até à sua morte em 1974.
Com uma longa discografia, não só como músico, mas, igualmente, como compositor, destaco a contribuição musical e uma pequena participação, em 1959, no filme “Anatomy of a Murder” de Otto Preminger e as suas composições “Sophisticated Lady”, “In a Sentimental Mood” e “Mood Índigo”. A música de Ellington é a “marca de uma verdadeira sofisticação que é uma audaciosa simplicidade”.
“Sir Duke” de Stevie Wonder é a memória sonora de hoje.

www.youtube.com/watch?v=6sIjSNTS7Fs

Sir Duke Lyrics

Music is a world within itself
With a language we all understand
With an equal opportunity
For all to sing, dance and clap their hands
But just because a record has a groove
Dont make it in the groove
But you can tell right away at letter a
When the people start to move

They can feel it all over
They can feel it all over people
They can feel it all over
They can feel it all over people

Music knows it is and always will
Be one of the things that life just wont quit
But here are some of musics pioneers
That time will not allow us to forget
For theres basie, miller, satchmo
And the king of all sir duke
And with a voice like ellas ringing out
Theres no way the band can lose

You can feel it all over
You can feel it all over people
You can feel it all over
You can feel it all over people

You can feel it all over
You can feel it all over people
You can feel it all over
You can feel it all over people

You can feel it all over
You can feel it all over people
You can feel it all over
You can feel it all over people

You can feel it all over
You can feel it all over people
You can feel it all over
I can feel it all over-all over now people

Cant you feel it all over
Come on lets feel it all over people
You can feel it all over
Everybody-all over people

Stevie Wonder

Jorge Brasil Mesquita



DÉCIMA QUINTA MEMÓRIA SONORA

Em 1978, na cidade de Leeds, UK, três estudantes de Arte, Tom Morley, Nial Jenki e Green Strohmeyer Gartside formaram o grupo musical Scritti Politti, cujo nome foi extraído dos escritos do fundador do Partido Comunista Italiano (PCI), António Gramsci (1891 – 1937). O grupo girava, essencialmente, à volta de Green (ex-jovem comunista), compositor do seu reportório. Green era um ferveroso adepto do Do It Yourself (DIY). O DIY consistiu numa espécie de movimento, iniciado no final da década de 70 e no início da de 80, visando autopromover a edição e a promoção de cassetes e discos de 7” de grupos e interpretes de uma forma independente, isto é, fora do circuito das grandes editoras, originando o aparecimento das editoras independentes, mais conhecidas por Indies. O primeiro single editado pelos Scritti Politti, “Skanc Blog Bologna”, apareceu na sua editora St. Pancras. O single viria a ser editado em 1979 pela editora independente Rough Trade, alinhada com os ideais do Labour. De 1979 a 1981, o grupo, além de proceder a algumas alterações dos seus elementos, refinou o seu estilo musical através de uma fusão de Soul, Jazz, Pop e Reggae, da qual resultaram os temas “The Sweetest Girl” de 1981, “Faithless”, “Asylums In Jerusalem” e do álbum “Songs To Remember” todos de 1982. além da evolução musical, as letras das composições reflectiram a evolução do pensamento de Green, grandemente influenciado pelo filósofo francês Jacques Derrida (1930 – 2004) que foi o introdutor do Descontrutivismo que, em síntese, é um processo de decomposição de um texto, com o objectivo de lhe encontrar sentidos ocultos. O Deconstrutivismo foi elaborado a partir da teoria da Fenomenologia Pura e da Ciência da Essência do filósofo alemão Edmund Husserl (1859 – 1938) e da reflexão do poeta francês Stephane Mallarmé (1842 – 1898), sobre a escrita e a interpretação do filósofo alemão Martin Heidegger (1889 – 1976), realizada pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) que escreveu “Cultura de Energia Vital” e “Vontade de Poder”.
Foi no lado B do 7” “Asylums In Jerusalem e no álbum “Songs To Remember” que Green incluiu a sua composição “Jacques Derrida”, dedicada ao filósofo francês e que é a memória sonora de hoje.

www.youtube.com/watch?v=_h6oC3bQ4Cw

Scritti Politti - Jacques Derrida Lyrics

I'm in love with the bossonova
He's the one with the cashanova
I'm in love with his heart of steel
I'm in love
I'm in love with the bossonova
He's the one with the cashanova
I'm in love with his heart of steel
I'm in love

How come no-one ever told me
Who I'm working for
Down among the rich men baby
And the poor

Here comes love forever
And it's here comes love for no-one
Oh here comes love for Marilyn
And it's oh my baby oh-oh my baby
What you gonna do?
In the reason - in the rain

Still support the revolution

I want it I want it I want that too
B'baby B'baby it's up to you
To find out somethin' that you need to do
Because

I'm in love with a Jacques Derrida
Read a page and know what I need to
Take apart my baby's heart
I'm in love
I'm in love with a Jacques Derrida
Read a page and know what I need to
Take apart my baby's heart
I'm in love

To err is to be human
To forgive is too divine
I was like an industry
Depressed and in decline

Here comes love for ever
And it's here comes love for no-one
Oh here comes love for Marilyn
And it's oh my baby oh my baby
What you gonna do?
In the reason - in the rain

Still support the revolution

I want it I want it I want that too
B'baby B'baby it's up to you
To find out somethin' that you need to do
Because

Oh I'm in love with bop sh'dayo
Out of Camden Town for a day - oh
I'm in love with just gettin' away
I'm in love
Oh I'm in love with militante
Reads Unita and reads Avanti
I'm in love with her heart of steel
I'm in love

He held it like a cigarette
Behind a squadee's back
He held it so he hid its length
And so he hid its lack - oh
An' it seems so very sad
(all right!)

Well I want better than you can give
But then I'll take whatever you got
Cos I'm a grand libertine with the
Kinda demeanour to overthrow the lot
I said rapacious
Rapacious you can never satiate
(ate what?!) desire is so voracious
I wanna eat your nation state

I got incentive that you can't handle
I got the needs you can't assuage
I got demands you can't meet
'n' stay on your feet
I want more than your living wage

Well I want better than you can give
But then I'll take whatever you got
Cos I'm a grand libertine with the
Kinda demeanour to overthrow the lot
I said rapacious
Rapacious you can never satiate
(ate what?!) desire is so voracious
I wanna eat your nation state.

Green Strohmeyer Gartside

Jorge Brasil Mesquita

mOINHO DAS aNTAS, 10/01/2010 - JORGE BRASIL MESQUITA - 13H51

Sem comentários:

Enviar um comentário